quarta-feira, 24 de agosto de 2016

A FANTÁSTICA RUA DA PRAIA NO CENTRO DE PORTO ALEGRE

Não conheço outras ruas importantes de grandes cidades pelo fundo afora. Para mim, entretanto, a rua mais interessante e curiosa do mundo é a Rua da Praia, no centro de Porto Alegre Tem nome lembrando rio, mas não está à margem de nenhum. Há muito anos, uma pequena parte da cidade se banhava no Guaíba, que foram aterrando e empurrando-o para longe dela.
A Rua da Praia, que ninguém se lembra do nome oficial, colocado em homenagem a três irmãos políticos do tempo da Monarquia, parece um rio. Pela Rua dos Andradas, passam milhares de pessoas nos mais diferentes sentidos. Nela, a arte floresce e desaparece como um jardim em qualquer estação do ano nestes lugares subtropicais. Sazonalmente, vêm-se artistas de todos os matizes, de todas as qualidades, de todos os tipos.
     Caminhar pela Rua da Praia é deparar-se com o diferente, com o que ontem não estava ali e amanhã não estará. Ídolos mundiais, que nunca morrem surgem de repente relembrados numa das quadras da Rua dos Andradas, entre a Esquina Democrática no leito da Borges de Medeiros e a Caldas Junior. Na quinta-feira, por exemplo, deparo-me com o Chaves, o imortal personagem criado para a comedia da tv mexicana na década de 60 e que faz sucesso até hoje no brasil. Edemar dos Santos, casado, pai de quatro filhos com 71 anos, veste-se de Chaves há vários anos.  Além de desfilar vestido de Chaves na Rua da Praia e no Brique da Redenção, arrecadando algumas moedas e pequenas notas, também faz apresentações e entretenimentos em aniversários de crianças. Diz que em sua agenda tem oito apresentadões marcadas pelo telefone 8633-2532.
 Edemar, como se nota, é um apaixonado pelo Chavo Del Ocho, como se nota. Ele conta que no dia  em que morreu Roberto Gómes Bolaños, o criador e intérprete do Chaves, ele ficou muito triste e chorou como se tivesse falecido um parente muito próximo. Naquele dia 28 de novembro de 2014, Edemar passou o dia inteiro em casa, vestido de Chaves e assistindo ao noticiário sobre a morte e as notícias sobre o seriado.
Saí dali, a caminho do  trabalho e passei por mais outras figuras curiosas, três delas mostrando sua arte musical. Mas não pude conversar com todos porque me atrasaria para o serviço.






domingo, 7 de agosto de 2016

REGISTRO RÁPIDO PARA AS MINHAS MEMÓRIAS


 
Apesar dos maus pressentimentos, abertura dos Jogos do Rio foram um sucesso
Agosto, 2016. Desenvolvem-se, no Rio, os XXXI Jogos Olímpicos da Era Moderna. Depois de muitas trapalhadas, tantos atropelos e atrasos, com vexames na entrega de apartamentos com problemas de vazamento e outros para os atletas, com uma baía de Guanabara ostentando seus coliformes na forma mais exuberante possível, a Olimpíada teve uma abertura brilhante, sem erros, sem equívocos, com uma verdadeira festa brasileira no Maracaná, onde o grande Paulinho da Paulinho da Viola cantou o hino nacional, a modelo Gisele Bündchen desfilou ao som da música Garota de Ipanema. Outro representante da música brasileira, Jorge Bem Jor cantou País Tropical acompanhado do público, que ouviu também o celebrado Caetano Veloso e a cantora Anitta de recente sucesso popular.
     Diferentemente de outros tempos de Brasil, o espetáculo superou os corriqueiros atos políticos. O presidente interino, que se beneficiou do impeachment temporário da presidente Dilma Roussef, não teve seu nome anunciado e, ao abrir os jogos, foi mais rápido do que sexo de coelho, e ainda assim foi vaiado por parte do público que teve sua manifestação mais ou menos abafada pelo som e pelos foguetes. Dilma Roussef não compareceu.
   
Cercada de mistérios, a escolha de quem iria acender a pira revelou-se bastante sensata. O catarinense Gustavo Kuerten, o Guga, ídolo do tênis nacional e campeão três vezes do famoso torneio de Roland Garros, entrou pelo portão do Maracanã, sorridente e chorando ao mesmo tempo, carregando a tocha olímpica. Ele repassou o fogo simbólico para a campeã do basquete, a paulista Hortência Marcari. Ao pé da escadaria que simbolizava o Monte Olímpia, quem recebeu a tocha para acender a pira foi o ex-corredor de maratonas Vanderlei Cordeiro de Lima. Ele ficou famoso não por ter ganho o ouro na Olimpíada de 2004, na Grécia, quando ficou com a medalha de bronze,mas com um fato que aconteceu na prova. Bicampeão dos Jogos Pan-Americanos, o paranaense virou ídolo quando sofreu uma injustiça. Ele estava a sete quilômetros da linha de chegada, conseguira uma distância considerável dos adversários e ganharia certamente a prova. Mas foi interceptado por um padre irlandês, cujo nome é importante manter no anonimato, que o empurrou para fora da pista. Vanderlei se desvencilhou do ser inconveniente, ajudado por outro espectador, e seguiu correndo para chegar em terceiro lugar. Vanderlei comemorou o bronze como se fosse o outro. Recebeu também a inédita medalha Pierre de Coubertin.
   A escolha para acender a pira foi mais do que acertada e merecida. Ainda mais que o escolhido para o gesto mais importante da Olimpíada havia sido Pelé, o maior ídolo do futebol mundial de todos os tempos. Edson Arantes do Nascimento declinou do convite alegando motivos de saúde. Sem condições de examinar os prontuários médicos do Rei do Futebol, resta acreditar na palavra dele mesmo em um país de tantas mentiras deslavadas, principalmente de governantes e de políticos, em que boa parte da população é formada por macunaímas, que veneram heróis sem nenhum caráter. Pela falta de provas, também não há como dar crédito a boatos de que o problema seria outro, referente a conflitos de interesses econômicos entre supostos patrocinadores particulares do ex-atleta e os patrocinadores oficiais dos Jogos ou das entidades organizadoras da Olimpíada.
     Sem entrar em críticas, é curioso lembrar apenas que o grande Muhammad Ali, (1942-2016), ídolo do boxe mundial, enfrentou a tremedeira provocada pelo Alzheimer e acendeu a pira nos jogos realizados em seu país, em Atlanta, em 1984.
                            

Felipe Wu foi segundo colocado em tiro de pistola

    Coincidência irônica: Rio medalhista de tiro

No primeiro dia da Olimpíada do Rio, o Brasil ganhou sua primeira medalha, com a prata obtida pelo paulista Felipe Wu, 24 anos, na categoria pistola de ar 10 metros. Era algo que o Tiro Esportivo não conseguia desde 1920, na Antuérpia, quando Afrânio da Costa (1892-1989) foi o primeiro esportista brasileiro a ganhar medalha, em Olimpíada. Ele coincidentemente ganhou a medalha de prata com pistola livre. As armas haviam furtadas na viagem de navio da delegação brasileira e Costa, capitão da equipe, conseguira com um coronel norte-americano, as armas.Com uma delas, conquistou a prata, com outra a primeira medalha de ouro do Brasil em Olimpíadas, com Guilherme Paraense, na categoria revólver, e a terceira bronze por equipe, com a participação de Afrânio, Guilherme, Fernando Soledade, Sebastião Wolf e Dario Barbosa.